Seu verdadeiro nome éra Hippolyte Léon Denizard Rivail. Nascido em Lyon, em 1804, lá mesmo fez os seus primeiros estudos, seguindo depois para Yverdon, na Suiça, a fim de estudar no instituto do célebre professor Pestallozzi. O instituto era um dos mais famosos e respeitados em toda a Europa. Desde cedo ele tornou-se um dos mais eminentes discípulos de Pestallozzi, um colaborador inteligente e dedicado, que exerceria, mais tarde, grande influência sobre o ensino da França.
Declaram que Rivail era dotado de notável inteligência e que desde os 14 anos ensinava, aos colegas menos adiantados, tudo o que aprendia.
Concluidos os seus estudos em Yverdon, mudou-se para Paris, onde se tornou conceituado mestre não só em letras como em ciências, distiguindo-se como notável pedagogo e divulgador do método Pestallozziano. Tornou-se membro de várias sociedades científicas.
Como pedagogo, Rivail publicou numerosos livros didáticos. Apresenta na mesma época, planos e métodos referentes à reforma do ensino françês. Entre as obras publicadas, destacam-se: Curso Teórico e Prático de Aritmética, Gramática Francesa Clássica, Catecismo Gramatical da Língua Francesa, além de programas de cursos de física, química, astronomia e fisiologia.
Ao término desta longa atividade e experiência pedagógica, o professor Rivail estava preparado para outra tarefa, a codificação do Espiritismo.
Começa então a sua missão, quando em 1854 ouviu falar pela primeira vez nas mesas girantes, popular divertimento da alta sociedade francesa.
A princípio revelou-se cético, apesar de seus estudos sobre magnetismo.
Dizia: “Só acreditarei se me provarem que as mesas tem um cérebro para pensar. Enquanto isso permita-me considerar esse fato como uma história fabulosa.”
Assistindo os fenômenos, verificou que precisava investigar e descobrir as causas que davam origem a eles.
Através das médiuns Baudin, viu a escrita por intermédio da cesta. Por esse processo eram dadas respostas, com exatidão, às perguntas formuladas aos Espíritos. Não havia dúvida: estava diante de um fato novo, que merecia estudo. Passou, então, a fazer observações através do método experimental, pois havia percebido que os fenômenos eram produzidos pelos Espíritos dos que já haviam vivido na Terra.
E assim, juntando as informações prestadas por essas entidades comunicantes, escreveu “O Livro dos Espíritos´, obra básica da Doutrina dos Espíritos.
Essa monumental obra não foi escrita por um filósofo ou ditada por um Espírito: ela é o resultado das revelações de muitos Espíritos, todas concordantes, vindas por diferentes médiuns, em lugares diversos.
Para diferenciar as obras escritas por ele mesmo, das outras obras ditadas por espíritos através de médiuns e por ele compiladas, o professor Rivail passou a usar o pseudônimo de “Allan Kardec”.
Kardec analisava as comunicações e respostas do espíritos, comparava, discutia e só as aceitava depois de verificar que se achavam isentas de quaisquer dúvidas.
Fé raciocinada
A fé sem raciocínio não passa de uma crendice ou mesmo de uma superstição. Antes de aceitarmos alguma coisa como verdade, devemos analisá-la bem. “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”. (Allan Kardec)
Para podermos crer ou não no Espiritismo temos antes que conhece-lo.
As instruções dadas pelos Espíritos de ordem elevada sobre todos os assuntos que interessam à humanidade e as respostas que deram às perguntas que lhes foram formuladas foram recolhidas e coordenadas cuidadosamente e constituem toda uma ciência, toda uma doutrina moral e filosófica com o nome Espiritismo.
Esta doutrina acha-se exposta de maneira completa no Livro dos Espíritos, em seu aspecto filosófico, no Livro dos Médiuns, em sua parte prática e experimental, e no Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu aspecto moral”.